junho 18, 2004

Destino de Silvia

Silvia era uma senhora viúva. Seu marido havia morrido em um acidente de ônibus ao qual ele estava dirigindo. Ao ficar sozinha com seus dois filhos, Silvia teve que arranjar um meio de se sustentar. Por isso arranjou um emprego de secretária em uma firma no Centro. No primeiro mês de trabalho, ao invés de receber vales-transporte, recebeu dinheiro. Isso foi uma grande fonte de problema pois todo dia ela precisava se preocupar em trocar o dinheiro para poder pagar o ônibus. Certo dia ela não conseguiu trocar uma nota de cinquenta reais. Silvia começou então a procurar alguém que trocasse, mas todos se recusavam... Decepcionada, Silvia passa por um mendigo que tem um chapéu estendido cheio de dinheiro. Foi então que veio-lhe um estalo. Silvia meteu a mão no chapéu, roubou todos os trocados do pobre homem e saiu correndo. Conseguiu quinze reais trocados. Apartir desse dia ela começou a roubar os mendingos do Centro. Olhava, metia a mão e saia correndo aos olhos indignados dos mulambos. Aquilo passou a ser um vício, começou a fazer rotas de roubo tomando o cuidado para não repetir zonas no mesmo mês. Em um ano ela conseguiu juntar três mil reais, uma montanha de dinheiro miúdo que um dia ela resolveu colocar no banco. Encheu três sacolas de supermercado com a notas e moedas e foi depositar em sua conta. Temerosa de ser assaltada, percorreu o caminho olhando para todos os lados. Na fila do banco olhava para o rosto de todos e imaginava "Este não seria um assaltante", "Hum esse tem cara de quem quer roubar". Quando chegou sua vez, a pobre da bancária olhou o dinheiro e percebeu que nesse dia não almoçaria tão cedo... Começou a contar, contar, contar... e a fome aumentando, e continuava contando, o estômago doendo... Quando terminou, a dor de fome da bancária era enorme. Mas Silvia estava feliz. Saiu então e na rua um mendingo a reconheceu, e ela também o reconheceu. Este, por sua vez, levantou-se do chão e foi a atrás dela. Silvia correu por várias ruas e por onde passava os mendigos a reconheciam e se levantavam para correr atrás dela. Já eram vinte mulambos atrás dela, quando ela virou uma esquina e levou um golpe fatal na testa. Na frente dos mendigos abismados, a bancária com um porrete na mão. Nunca faça um bancário passar fome, disse ela.

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